A conversão, a vida de oração e a vida em comunhão devem levar o cristão a atingir as maiores virtudes e para São Paulo “agora permanecem fé, esperança e caridade, estas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade”. (1Cor. 13, 13). A Igreja nos ensina que “a caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos por amor de Deus”. (Catecismo da Igreja Católica § 1822).
De fato, a caridade é tão importante que São afirma que “ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse a caridade, eu nada seria. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse meu corpo às chamas, se eu não tivesse a caridade, isso de nada me adiantaria” (1Cor. 13, 1-3).
Assim, de nada adianta possuir alguns dons, como o de orar em línguas ou realizar profecias. De nada adiantar também conhecer toda a doutrina católica se não se tem a caridade. Os fariseus do tempo de Jesus conheciam toda a Lei judaica e buscavam seguir todos os mandamentos à risca, mas o faziam sem caridade, cumpriam-na como um fim em si mesmo e não como algo que tinha por finalidade aproximar o homem de Deus. Já São Paulo ensinou que “a caridade é a plenitude da Lei” (Rm. 13, 10).
De nada adiantar memorizar quantos e quais são os mandamentos, quantos e quais são os sacramentos ou até mesmo decorar versículos da Bíblia. Não esqueçamos que até o diabo sabe citar a Bíblia, como ele fez quando tentou Jesus no deserto (Mt. 4, 1-11). De nada adianta ter fé, se esta não é atuante e não dá frutos.
Para São Paulo, “a caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (1Cor. 13, 4-7).
Depois destas palavras de São Paulo certamente imaginamos que é impossível ter a virtude da caridade. Certamente “aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível”, como ensinou Jesus (Mt. 19, 26). Não somos nós que desenvolvemos a caridade. Ela é um dom de Deus, que nos amou primeiro, quando ainda éramos inimigos em razão do pecado (cf. Rm. 5, 10).
No batismo Deus nos encheu de caridade. Nosso dever de cristãos é, além de não rejeitar essa virtude pelo pecado, fazê-la crescer em nós e dar frutos. Freqüentemente não sabemos frutificar aquela que é a maior das virtudes. Vamos à missa todo domingo, fazemos nossas orações particulares, mas facilmente perdemos a paciência com os outros, não os compreendemos, acusamos-lhes sem nos lembrar que também cometemos erros, não damos esmola, ou quando damos é apenas para o pedinte parar de nos importunar. São tantas as nossas faltas quanto à caridade, que seria difícil enumerá-las.
A caridade é o cume da vida cristã. Recebida no batismo, ela só irá inflamar o coração de cada cristão se este viver verdadeiramente como filho de Deus. Por outro lado, como a caridade é um dom de Deus, só iremos alcançá-la se a pedirmos incessantemente na oração.
Também devemos cooperar com a graça divina. Devemos tentar ser pacientes, prestativos e humildes, bem como procurar os interesses dos outros, esperar e suportar. Devemos evitar a inveja, a ostentação, as injustiças e todas as divisões.
E, por fim, temos o dever de amadurecer em nossa fé. São Paulo, falando sobre si mesmo, disse “Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei homem, fiz desaparecer o que era próprio da criança”. (1Cor. 13, 11).
Para terminar as meditações que fizemos sobre São Paulo, nada melhor que o próprio nos deixe uma advertência: “já chegou a hora de acordar, pois nossa salvação está mais próxima do que quando abraçamos a fé. A noite avançou e o dia se aproxima. Portanto, deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz. Vesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis satisfazer os desejos da carne” (Rm. 13, 11-12.14).
Reflexão
Tenho vivido a caridade na minha vida? Tenho buscado de Deus o dom da caridade? Vivo concretamente os mandamentos da Lei de Deus? Se vivo, é como um fim em si mesmo ou para crescer no amor a Deus e ao próximo? Busco entender profundamente o chamado de Deus à santidade realizando as atividades cotidianas sempre observando a virtude da caridade? A caridade é, no meu dia-a-dia, um reflexo das minhas atitudes carinhosas perante o meu irmão?
Gesto Concreto
Existem sete obras de misericórdia corporal (Alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, abrigar os peregrinos, confortar os prisioneiros, visitar os doentes. sepultar os mortos ensinar os ignorantes) e sete de misericórdia espiritual (Rezar pelos vivos e pelos mortos, corrigir os pecadores, aconselhar a quem está na dúvida consolar os tristes, suportar as injustiças com paciência, perdoar as injustiças de boa vontade). Passe a praticá-las no dia-a-dia.
Oração
Ó glorioso São Paulo, concedei-nos que, por sua intercessão, vivamos inflamados de caridade por Deus e pelo próximo e que essa caridade frutifique em obras. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
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