O ano da fé para rever “o que a fé não
é”
Guajará – Mirim, 05 de Fevereiro de 2013
A
leitura do livro – “O que a fé não é” de Mitch Finley – Loyola 2004, despertou
em mim uma curiosidade particular, considerando a base religiosa da piedade e
tradição popular da minha formação cristã e também da vivência pastoral.
Pelo
sumário do mesmo, senti a necessidade deste aprofundamento pessoal, meditando e
revendo as exigências de uma fé madura que deve ser, sobretudo, compromisso com
Deus e com o outro. Somente “com o olhar da fé podemos ver o rosto humilhado de
tantos homens e mulheres de nossos povos e, ao mesmo tempo, sua vocação à
liberdade dos filhos de Deus, à plena realização de sua dignidade pessoal e à
fraternidade com todos” (DA nº 32).
Na
provocação do autor: “a fé tem uma natureza instigante. Sua fé – seu
relacionamento com Cristo – empurra-o, cutuca-o o tempo todo, para ser mais e
melhor, para ser mais clemente, mais paciente, mais compassivo, mais corajoso.
A sua fé incita-o a ser mais amoroso, esperançoso e alegre do que seria de
outra maneira”; nas palavras de Santa Terezinha do menino Jesus, esta “fé em
Deus faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível”.
Por
isso, o itinerário espiritual, pessoal e comunitário necessita de uma
consciente retomada desta necessidade de busca profunda da maturidade e
pertença da fé.
Neste
sentido, estamos diante de um tempo favorável – O Ano da Fé (outubro/2012 a novembro/2013) – como parte
das comemorações dos 50 anos do Concilio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo
da Igreja Católica.
Em
todos os momentos, somos tentados a perder a sensibilidade religiosa, passando
a viver a fé com sentimento de fragilidade e precariedade, resultante de uma
ausência de espiritualidade permeada da profunda intimidade com Deus.
Esta
experiência de descuido, conflito e aridez não são coisas novas, muitos na
história da espiritualidade vivenciaram o drama da “noite escura” ou penumbra
da fé no seguimento do Mestre Jesus.
Portanto,
o ano da Fé deve ser “celebrado de forma digna e fecunda. Deverá
intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a
tornarem consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num
momento de profunda mudança como este que a humanidade está vivendo. Teremos
oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado, nas catedrais e nas
Igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para
que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às
gerações futuras a fé de sempre” (Porta Fidei, n. 8)
Logo,
a proclamação deste Ano da fé, convocado pelo Papa Bento XVI, tem como objetivo
o aprofundamento, a revisão, a proclamação e a nova conversão com um
reavivamento de toda ação missionária. A intenção pastoral na convocação de
todos para bem celebrar e vivenciar o Ano da fé leva-nos, sobretudo, a
redescobrir a beleza e exigência de uma fé viva e compromissada, calcada na
esperança e na proclamação do tempo da graça do Senhor em todas as nossas
relações. Como afirma a Carta de Tiago: “... a fé, se não tiver obras, está
completamente morta. (...) Mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a
fé pelas minhas obras” (Tiago 2, 17. 18b).
No
dinamismo pastoral deste ano da fé, temos que saber apostar no “... processo de
educação e amadurecimento na fé como resposta de sentido e de orientação da
vida e garantia de compromisso missionário” (DA nº 446d) .
Dom Benedito Araújo
Bispo Diocesano de Guajará – Mirim Ro
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