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By Ferramentas Blog

sexta-feira, 15 de abril de 2011

DOMINGO DE PÁSCOA


Jo 20, 1-9
“Ele viu e acreditou”
Os quatro evangelhos relatam os acontecimentos do Dia da
Ressurreição, cada um de acordo com as suas tradições. Mas, certos
elementos são comuns a todos: o fato do túmulo vazio, de que as
primeiras testemunhas eram as mulheres (embora divirjam quanto ao seu
número e identidade e o motivo da sua ida ao túmulo - para ungir o
corpo, ou para vigiar e lamentar), que uma delas era Maria Madalena.
Podemos tirar disso a conclusão que as mulheres tinham lugar muito
importante entre o grupo dos discípulos de Jesus, e que elas eram mais
fiéis do que os homens, seguindo Jesus até a Cruz e além dela!
Infelizmente, outras gerações fizeram questão de diminuir a
importância das discípulas na tradição - e a Igreja sofre até hoje as
conseqüências.
Lendo os relatos, um fato salta aos olhos - ninguém
esperava a Ressurreição! Para os discípulos, a Cruz era o fim da
esperança, a maior desilusão possível. Se somamos a isso o fato que
todos eles traíram Jesus (ou por dinheiro, ou por covardia), podemos
imaginar o ambiente pesado entre eles na manhã do Domingo. Nesse meio
chega a Maria com a notícia de que o túmulo estava vazio - e ela,
naturalmente, pensa que o corpo tinha sido roubado. Ressurreição - nem
pensar!
No nosso texto, Pedro (que tem um papel importante nos textos
pós-ressurreicionais) e o Discípulo Amado (anônimo, mas quase
certamente não um dos Doze) correm até o túmulo. O texto deixa
entrever a tensão histórica que existia entre a comunidade do
Discípulo Amado e a comunidade apostólica (representada por Pedro).
Pois o Discípulo Amado espera por Pedro (reconhece a sua primazia),
mas enquanto Pedro vê sem acreditar, o Discípulo Amado acredita. No
Quarto Evangelho, Pedro só realmente vai conseguir amar Jesus no
Capítulo 21, enquanto o Discípulo Amado é o tal desde Capítulo 13. Só
quem olha com os olhos do coração, do amor, penetra além das
aparências!
Como em Lucas 24, na história dos Discípulos de Emaús, o
texto demonstra que a nossa fé não está baseada num túmulo vazio! Não
é o túmulo vazio que fundamenta a nossa fé na Ressurreição, mas o
contrário - é a experiência da presença de Jesus Ressuscitado que
explica porque o túmulo está vazio! Cuidemos de não procurar bases
falsas para a nossa fé no Ressuscitado!
Hoje em dia, quando olhamos para o mundo ao nosso redor, é fácil não
acreditar na vitória da vida sobre a morte. Há tanto sofrimento e
injustiça - guerra, violência, corrupção endêmica, miséria, a saúde e
a educação sucateadas! Só uma experiência profunda da presença de
Jesus libertador no meio da comunidade poderá nos sustentar na luta
por um mundo melhor, com fé na vitória final do bem sobre o mal, da
luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado! Nós todos somos
discípulos/as amados/as, pois “nada nos separa do amor e Deus em Jesus
Cristo” (Rm 8), mas será que somos discípulos amantes? Será que amamos
a Jesus e ao próximo? E lembramos que o ágape, o amor proposto pelo
evangelho, não é um sentimento, mas uma atitude de vida, de
solidariedade, de partilha, de justiça. “O amor consiste no seguinte:
não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele que nos amou, e nos
enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Se Deus
nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo
4, 10-11).
Que a mensagem da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, nos
anime e dê força, nesses dias da aparente (mas somente aparente!)
vitória da arrogância e prepotência dos países hegemônicos, e
especialmente quando a Cruz pesar muito em nossas vidas.



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